Um grupo de forcados é, antes de mais, um grupo de amigos com uma paixão em comum, o gosto de pegar toiros no qual honram e defendem uma jaqueta. Tudo o mais virá depois, com trabalho e entreajuda, entre êxitos e fracassos, nos treinos e nas corridas.
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pega efectuada por Nelson Nabiça do Grupo de São Manços
Corrida realizada em Sousel
O ambiente que envolve o grupo na tarde ou na noite em que vai pegar é de contagiante alegria e união, começa muito antes do toque para saltar a arena, quando todos se reúnem, nas imediações da praça, para trajar de forcado, calção, jaqueta, barrete.
Depois sai a festa à rua, no caminho que leva à praça, por onde vai outra gente, misturam-se os forcados com ela, é uma alegria para os olhos o colorido que trazem e uma comoção para a alma as emoções que suscitam, mormente entre as moças que por ali andam a jeito de os ver passar.
Mantém-se coeso o grupo durante toda a corrida, coeso porque está junto, coeso por estar unido, coeso por ser solidário, coeso por serem amigos, e se um amigo vem na cara de um toiro o que esta ajudar de tudo fará. Não é ninguém o forcado não estando o grupo com ele. E o cabo, que o comanda, é a figura primeira, todos sabem que depende dele, e das decisões que tomar, o êxito que o grupo vai ter e por isso o cabo é um forcado diferente, que toda a gente respeita, pelo que é e pelo que sabe, e não se discute o que ordena, nem isso passa pela cabeça de ninguém, a obediência é uma sujeição assumida, a hierarquia é a base da segurança nestes momentos de risco.
Saiu o toiro do curro, este que calhou em sorte ao grupo, e todos repetidamente se benzem. Não vêem os olhos outra coisa, durante o tempo da lide, que não seja o toiro que ali está, como é, como investe, se tem casta ou é manso, como irá comportar-se tendo o forcado na frente. E mais que todos o cabo atenta em tais características e é em função delas que decide, pouco antes de tocar para pegar, quem vai para a cara e quem faz as ajudas sucessivas.
A pega é um acto artístico que tem de ter beleza e emoção, no pôr o barrete, no citar, no enfrentar, no pegar. E é, dizem os forcados, um prazer indescritível fechar-se um homem na cara do toiro, e ir pela praça fora, aguentando os derrotes, até o grupo acudir e tudo se consumar. É esse prazer enorme que leva o forcado à praça, arriscando a própria vida para o poder desfrutar.
Fica dominado o toiro quando o grupo o faz parar. Sendo bravo o animal, rende-se e entrega-se num gesto de pura nobreza. Se bare e espreneia, se continua a agitar-se, não o faz por ter bravura, mas apenas por ser manso, não é luta que quer dar, o que lhe apetece é fugir. É dos primeiros que os forcados mais gostam, como afinal, toda a gente que sabe apreciar uma corrida de toiros.
Vem depois a volta à arena, se o forcado a merecer. É a consagração ao lado do cavaleiro, que para isso o convidou, e com a quadrilha atrás, recebendo flores e aplausos, sentindo dentro de si uma alegria incontida.
Também pode correr mal a pega de algum toiro e, quando isso acontece, tem o grupo de descobrir um jeito de o pegar, de caras ou de cernelha, o que não pode acontecer é sair o toiro vivo.
De seguida vem o jantar e só depois deste dá o forcado por terminada a Corrida, momento de confraternização para forcados e convidados, brinda-se... discursa-se... convive-se. Pois um grupo de Forcados é isto mesmo, um grupo de amigos que gosta de pegar toiros.
Na corrida à portuguesa, que é única no mundo, há um conjunto de aspectos que lhe dão especial encanto. E entre eles sem dúvida destaca-se a pega de caras, homem e toiro sem mais, é o forcado que a faz, moço do povo que somos, pegando a vida de frente.
O Forcado
Moderadores: ForumTouradas.com, ManelMesquitella
Meus amigos... Arrepiei-me ao ler isto...
Não falha nada. É o texto mais revelador que eu li até hoje do que é um grupo de forcados, do que é o espírito de grupo, do que é o companheirismo e coragem.
Todos devem ler isto, até os que não apreciam. Aprendiam muita coisa...
Portem-se ao nível...
Não falha nada. É o texto mais revelador que eu li até hoje do que é um grupo de forcados, do que é o espírito de grupo, do que é o companheirismo e coragem.
Todos devem ler isto, até os que não apreciam. Aprendiam muita coisa...
Portem-se ao nível...
Francisco Miguel Rosado
Haja mulheres para amar e toiros para lidar! Arte y olé
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- Pat-amichi
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PARABÉNS!!!! Não consigo entender como é que alguém pode desprezar os forcados... Sinceramente gostava que os anti-touradas tivessem a oportunidade de ler este texto... para ver se lhes entra alguma coisa para a massa encefálica! Continuem e muita força, sempre com o apoio aqui da nortenha mais aficionada que existe!!!!